2011-10-31
2011-10-30
2011-10-29
2011-10-28
2011-10-27
2011-10-26
lipovetsky viii
um alicate rompe os interstícios da pele
afunda-se nos ossos corroendo as raízes
e nem a mais estranha dor se intromete
no caos desolado a laceração esfacela
a deserção de mim cria a apatia o sono
alastra desde o fígado a noite perto…
afunda-se nos ossos corroendo as raízes
e nem a mais estranha dor se intromete
no caos desolado a laceração esfacela
a deserção de mim cria a apatia o sono
alastra desde o fígado a noite perto…
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criação poética / lipovetsky
2011-10-25
2011-10-24
"As linhas não existem" de Joana Espain
Citando Ana Luísa Amaral a propósito deste livro:
"Em Joana Espain (...) as palavras rangem e são arestas, e
fazem-se brilhar, acendem-se. Avessas ao estilo. Sabendo, com Dickinson, que o
estilo de pouco, ou nada, vale, porque não se ensina nem se aprende em manuais.
Assim, o dickinsoniano recusar saber “dançar na ponta dos pés” recria-se e
re-vive na desarmante afirmação “uma baleia não tem estilo”. Por isso, as
linhas (dos estilos, dos pensamentos enquilosados, mas também dos modismos)
resumem-se a isto: “o nó de uma linha individual lançada precariamente ao mar
para suster o sublime estrondo da baleia”.
Há nestes poemas uma frescura que coloca seguramente a voz
que os fala entre as vozes interessantes da poesia nossa agora emergente.
Nesta busca e neste rodear do mundo sensível e
concreto através do recurso a uma linguagem suspensa e contida, é possível
detectar nesta nova voz a importância do cruzamento radicalmente inusitado de
linguagens de fundações várias (a da ciência, a da poesia, a do quotidiano)."
*) À venda na Poetria ou no site www.livrariapoetria.com
2011-10-22
2011-10-21
2011-10-20
2011-10-19
2011-10-18
2011-10-17
2011-10-16
lipovetsky vii
as surdas lamentações e as mórbidas depreciações
há muito que se instalaram nos lindes da praça
e desse deserto nada sobra que não um vazio
sem mais um superlativo impossível só apatia
e uma densa poeira nos dentes avisa das sombras
sobre a luz. sem emoção fervente azeite cai na língua.
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2011-10-15
2011-10-14
2011-10-13
lipovetsky vi
don juan jaz os olhos na terra
seivam elementarmente a noite
as folhas descaídas no regaço
libertam as últimas propriedades
a morte vem pela manhã a luz
fere o último breu aguça-se aí
na explosão do sol nos lençóis
diáfanos na evidência de narciso.
seivam elementarmente a noite
as folhas descaídas no regaço
libertam as últimas propriedades
a morte vem pela manhã a luz
fere o último breu aguça-se aí
na explosão do sol nos lençóis
diáfanos na evidência de narciso.
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2011-10-12
2011-10-11
2011-10-10
2011-10-09
lipovetsky v
na estrada a segurança está no cinto a razão na ponta da unha
diz-te que a libertina sedução é já programável ajustável mesmo
ao bom quotidiano para que o homem livre seja livre enfim...
inédito um autónomo indivíduo personaliza a sombra e evola-se! zut!
diz-te que a libertina sedução é já programável ajustável mesmo
ao bom quotidiano para que o homem livre seja livre enfim...
inédito um autónomo indivíduo personaliza a sombra e evola-se! zut!
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2011-10-08
2011-10-07
lipovetsky iv
o mundo fascina domina mesmo a cinésica
do corpo afunda-se nas veias nas manhãs
paroxísticas encostadas à trip sensorial
pulsiona desde a fímbria do walkman e
dos novos avatares e nem a missa negra
faz esquecer a estranha lógica do abismo.
do corpo afunda-se nas veias nas manhãs
paroxísticas encostadas à trip sensorial
pulsiona desde a fímbria do walkman e
dos novos avatares e nem a missa negra
faz esquecer a estranha lógica do abismo.
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2011-10-06
2011-10-05
2011-10-04
lipovetsky iii
o coração da cidade o arame rompendo os músculos
a surda sinfonia do opróbio o pus junto aos ossos
tensos o sangue explodindo inundando a sinóvia
os líquidos absorvendo as cores um corpo neutro
repassando a linfa o acidulado do éter o sono vago
a música o engodo felino para os mundos a festa.
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2011-10-03
2011-10-02
lipovetsky ii
um avo nem asseptizo o momento
porque de poesia não trata o vazio
nem os vocábulos caem da máscara
assim a morte no prato devora o mal
pulsão fendendo os lábios sem lifting
um mundo de sangue um hiperespaço.
porque de poesia não trata o vazio
nem os vocábulos caem da máscara
assim a morte no prato devora o mal
pulsão fendendo os lábios sem lifting
um mundo de sangue um hiperespaço.
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2011-10-01
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