Dizem que o nosso governo não
quer protagonismos. E seria positivo que assim fosse! Por exemplo, o
primeiro-ministro «não quer» devassa sobre a sua vida privada, familiar e
laboral. E muito bem, se não houver contenda com o interesse nosso, público.
Ser afetado por desmemória face a atos anteriores e não saber calar sobre os
outros, os gregos, e.g., é aspeto que muito diz sobre uma psicologia moral.
Opinar sobre os gregos, que foram chamados a opinar, e muito calar sobre o
estado da nação portuguesa, cujos habitantes foram tratados como imbecis, é uma
janela fechada que vai lembrando outros tempos, os mesmos modos. Bem clama
Adolfo Luxúria Canibal que uns certos ossos regressaram ao Palácio de S. Bento.
Vê-se?
Dizem por aí que em cerca de um
mês se esgotaram as cinquenta mil pulseiras do «Programa Estou Aqui!» da PSP,
estando já em produção mais quarenta e cinco mil. É uma medida louvável,
tratando-se de uma ação que permite a localização de crianças perdidas. Um
outro drama me vem à memória – o do abandono forçado do país a que jovens e não
só têm sido sujeitos. Um similar «Programa Não Estou Aqui» monitorizaria uma
tragédia que, nos últimos tempos, afastou do país meio milhão de portugueses,
muitos deles com elevada formação. Diz-se que a maior parte não voltará a uma
má pátria que os baniu. E é fácil perceber a razão.
Portas pede contenção e,
desabridamente, uns outros querem umas presidenciais avant la lettre. Foco, ponto de vista, visão, é o que se pede.
Enquanto um, agora implicado, silencia; outro, outrora implicado, mostra a sua
volúpia. O caminho, afinal, não é de nenhum deles. Mas quem não vê?