2015-07-31

[QUASE CELAN]

[QUASE CELAN]

ao dizeres um nome
tens o bem e o mal
nada mais podendo
contra esse abismo.
afunda-te no silêncio
ouve isto – o niilema.

2015-07-27

[DIZ-ME]

[DIZ-ME]

abraçados pelo fim da noite
beijávamos  becos esquinas
em todos os ângulos a pele
amaciava a pólvora e a sede
e de ti uma bandeira quente
comigo cavalgava pelos céus.
que silêncio este que te enche
que inaudível voz nesta praça
que rebentação inteira na noite?

2015-07-13

EXPRESSAMENTE (TRÊS)

EXPRESSAMENTE (TRÊS)

Dizem que o nosso governo não quer protagonismos. E seria positivo que assim fosse! Por exemplo, o primeiro-ministro «não quer» devassa sobre a sua vida privada, familiar e laboral. E muito bem, se não houver contenda com o interesse nosso, público. Ser afetado por desmemória face a atos anteriores e não saber calar sobre os outros, os gregos, e.g., é aspeto que muito diz sobre uma psicologia moral. Opinar sobre os gregos, que foram chamados a opinar, e muito calar sobre o estado da nação portuguesa, cujos habitantes foram tratados como imbecis, é uma janela fechada que vai lembrando outros tempos, os mesmos modos. Bem clama Adolfo Luxúria Canibal que uns certos ossos regressaram ao Palácio de S. Bento. Vê-se?

EXPRESSAMENTE (DOIS)

EXPRESSAMENTE (DOIS)

Dizem por aí que em cerca de um mês se esgotaram as cinquenta mil pulseiras do «Programa Estou Aqui!» da PSP, estando já em produção mais quarenta e cinco mil. É uma medida louvável, tratando-se de uma ação que permite a localização de crianças perdidas. Um outro drama me vem à memória – o do abandono forçado do país a que jovens e não só têm sido sujeitos. Um similar «Programa Não Estou Aqui» monitorizaria uma tragédia que, nos últimos tempos, afastou do país meio milhão de portugueses, muitos deles com elevada formação. Diz-se que a maior parte não voltará a uma má pátria que os baniu. E é fácil perceber a razão.

2015-07-12

EXPRESSAMENTE (UM)

EXPRESSAMENTE (UM)


Portas pede contenção e, desabridamente, uns outros querem umas presidenciais avant la lettre. Foco, ponto de vista, visão, é o que se pede. Enquanto um, agora implicado, silencia; outro, outrora implicado, mostra a sua volúpia. O caminho, afinal, não é de nenhum deles. Mas quem não vê?