o silêncio nas casas incomoda a lepra dos muros.
a chuva que fende a noite inunda a liquidez das pedras
e das naus que já não existem em olivença.
as paredes caladas sofrem o tempo passado
que não mais será, água sobre água que cai.
o musgo antigo toma o granito e as fendas,
os fungos e os líquenes entalam-se no flanco.
das janelas o lixo da usura inunda a praça
e cai sobre os uivos dos cães dentro do escuro.
inverno é já muito no corpo espacejado desta pátria
sem a língua na morada e o rosto fora do corpo.
em dezembro o corpo há-de ser corpo...
2006-02-19
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3 comentários:
água que cai no flanco dos dias....
bom dia Martim.
(e eu que nunca lá fui...)
vou agora pelas suas palavras....
beijo.
...a chuva na noite é uma cortina de anémonas...
abraço
Olivença é nossa.
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