Com preferência pelo soneto, sem exclusivismo, Martha de Mesquita da Câmara (1895-1980), que um Jaime Cortesão aprovava, pelo sentimentalismo contido e pela depuração formal, como a principal poetisa portuguesa (Gaspar Simões punha-a ao lado de Florbela Espanca e José Régio viria a distingui-la com atenção crítica), contribuiu decisivamente para o enriquecimento da década de 20 com as colectâneas Triste (1924), Arco-Íris (1925) e Pó do teu caminho... (1926), permitindo o último terceto do soneto "Ser Mulher" a inferição do estado da condição feminina epocal: "Não vinhas, fui-me embora a padecer, / A pensar, a sentir que ser mulher, / As mais das vezes, é não ser ninguém!" [1]
[1] Martha de Mesquita da Câmara, Pó do teu caminho..., Lisboa, Edição da "Seara Nova", 1926, p. 61. Por saber de experiência feito, é vulgar apareceram, em diferentes obras de cariz literário, informações contraditórias entre si. Poderá não ser grave. Mas é, sem sombra de dúvida, um convite ao saber minudente e cauteloso. Isto vem a propósito da propalada data de 1928 como ano de publicação de Pó do teu caminho... da poetisa em causa, informação que o cólofon antecipa para 1926 (Martha de Mesquita da Câmara, op. cit.). A obra de Martha de Mesquita da Câmara aparece reunida em Poesias Completas, Porto, 1960, conhecendo-se-lhe posteriores criações em jornais.
2006-10-14
Martha de Mesquita da Câmara
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5 comentários:
Não conhecia. Vou procurar.
"padecer assim"....
excelente.....Martim.
beijos.
Gostei de conhecer... Abraço...
Outra bela recordação! Abraços!
Obrigado!!
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