2006-10-23

À Louise Brooks: JudithTeixeira


Louise Brooks

Sabe-se que o emancipalismo feminino, da sua génese até à quase concretização nos nossos dias, é devedor, sem sombra de dúvida, do crescendo económico ulterior à Revolução Industrial, da alteração normativa imposta à transferência dos legados patrimoniais familiares, do acesso da mulher ao sistema educativo, da reivindicação feminil que cada vez mais se instalou e do declínio acentuado da vigência do normativismo religioso. Mas isto já foi mais ou menos dito por um Georges Duby e por uma Michelle Perrot.
No caso português, parece-me indesmentível que a agitação provocada por Judith Teixeira na década de vinte - até no seu jeito artístico, de penteado à "garçonne", para gerar um imaginário de figura feminina de acordo com o vigente modelo universal à Louise Brooks -, trouxe um importante contributo libertatário para a geração de mulheres que se lhe seguiu.

No entanto, e ainda bem, Judith Teixeira consegue uma identidade própria não pelo grito sufragista de grande voga, nomeadamente no período subsequente à implantação da República, mas sim pela ostentação de uma vida espiritual e intelectual que ela sumptuariamente subscreve pela presença obsidente do seu forte e assertivo "Eu". Esse esteticismo e essa força afirmativa estão também presentes na inusual apresentação, em primícias literárias, de obras suas sob a chancela gráfica da Imprensa Libânio da Silva, que, segundo José Augusto-França, "dispunha de excelentes oficinas".

3 comentários:

Anónimo disse...

MARTIN'S

Obrigado pelo destaque afectivo!!!
Abr.
pn

Anónimo disse...

A Brooks é arrebatadora, não é? Abraços!

martim de gouveia e sousa disse...

De nada, pn. abr. tb.