Nava e Sampaio, em Berlim (1989)
Quando, em Dezembro de 2001, o Instituto Politécnico de Viseu editou – em boa-hora, diga-se – a colectânea plástico-poética O Regresso à Condição – Viseu, ut pictura poesis, ficou-me na restinga um belíssimo poema de Fernando Luís Sampaio, intitulado “No Parque da Cidade”, que aludia à presença do poeta por estes lugares. Não era Sampaio um escritor desconhecido, até porque, afinal, em si transitava alguma da melhor transmissão naviana (e em Paulo Teixeira também), nomeadamente o vezo corpóreo e a aparentemente descoesa “desmultiplicação imagética”, de acordo com a categorização de Luís Miguel Nava.
Nascido em Moçambique, em 1960, Fernando Luís Sampaio viveu e estudou na cidade de Viseu, por cá terminando os estudos liceais. Conhecedor da “geografia” do lugar, não espanta que alguma da sua poesia reflicta pregnantemente essa passagem e, afinal, essa permanência. Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 1981, com Conspirador Celeste (Publicações D. Quixote), à sua obra se acrescentaram, nos anos seguintes, Sólon (IN-CM, 1987), Hotel Pimodan (Frenesi), Escadas de Incêndio (Quetzal) e o recente Falsa Partida (Assírio & Alvim, Novembro de 2005).
Antologiado e traduzido, Fernando Luís Sampaio traz-nos, na última colectânea, um reforço da anti-metaforização pós-moderna, avultando reganhos de deserção (veja-se a arrebatador poema inicial: “Queres mais coragem do que esta? / A mesa tem menos uma cadeira posta, / e sempre que ameaças aparecer / fecho janelas portas tudo.”) e de abandono (“Una você poço fa…: “Cada um está por si. Nos bares, no metro, / no terrífico incêndio de não amar.”).
É o poema “Deserção” (p. 17) um novo regresso a Viseu e uma recriação a partir do inicialmente citado “No Parque da Cidade”. Alterado e reescrito, este texto recoloca a velha urbe no espaço electivo do Poeta e prova ainda que o livro de Fernando Luís Sampaio é um dos grandes conseguimentos da literatura portuguesa de 2005:
“O parque desce para o lago
sob o meu instável olhar floresce
a névoa folhas latas de cerveja.”
Como não revisitar esta “ave da juventude”?
Quando, em Dezembro de 2001, o Instituto Politécnico de Viseu editou – em boa-hora, diga-se – a colectânea plástico-poética O Regresso à Condição – Viseu, ut pictura poesis, ficou-me na restinga um belíssimo poema de Fernando Luís Sampaio, intitulado “No Parque da Cidade”, que aludia à presença do poeta por estes lugares. Não era Sampaio um escritor desconhecido, até porque, afinal, em si transitava alguma da melhor transmissão naviana (e em Paulo Teixeira também), nomeadamente o vezo corpóreo e a aparentemente descoesa “desmultiplicação imagética”, de acordo com a categorização de Luís Miguel Nava.
Nascido em Moçambique, em 1960, Fernando Luís Sampaio viveu e estudou na cidade de Viseu, por cá terminando os estudos liceais. Conhecedor da “geografia” do lugar, não espanta que alguma da sua poesia reflicta pregnantemente essa passagem e, afinal, essa permanência. Prémio Revelação de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 1981, com Conspirador Celeste (Publicações D. Quixote), à sua obra se acrescentaram, nos anos seguintes, Sólon (IN-CM, 1987), Hotel Pimodan (Frenesi), Escadas de Incêndio (Quetzal) e o recente Falsa Partida (Assírio & Alvim, Novembro de 2005).
Antologiado e traduzido, Fernando Luís Sampaio traz-nos, na última colectânea, um reforço da anti-metaforização pós-moderna, avultando reganhos de deserção (veja-se a arrebatador poema inicial: “Queres mais coragem do que esta? / A mesa tem menos uma cadeira posta, / e sempre que ameaças aparecer / fecho janelas portas tudo.”) e de abandono (“Una você poço fa…: “Cada um está por si. Nos bares, no metro, / no terrífico incêndio de não amar.”).
É o poema “Deserção” (p. 17) um novo regresso a Viseu e uma recriação a partir do inicialmente citado “No Parque da Cidade”. Alterado e reescrito, este texto recoloca a velha urbe no espaço electivo do Poeta e prova ainda que o livro de Fernando Luís Sampaio é um dos grandes conseguimentos da literatura portuguesa de 2005:
“O parque desce para o lago
sob o meu instável olhar floresce
a névoa folhas latas de cerveja.”
Como não revisitar esta “ave da juventude”?
(Este texto foi publicado na passada 6ª-feira no Jornal do Centro)
5 comentários:
O Sampaio era um rosto conhecido cá por Viseu. Abraço.
Berlim é uma cidade fantástica! Boa-tarde.
Berlim para mim é mais bolas.
Mas no parque...é SUBlime
Abraço
bela dica...
tenho de comprar esse ultimo livro de que falas
jocas maradas
obrigado_________
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