2005-10-30

Adivinha de Tirésias


vem do desprezo o olhar que não vê. frio, glacial, o sangue enrijece- -lhe a pose. vindo à idade adulta, nada se sabe, nem eco. vindo o inverno, um dia, quando se olhar em vulgar charco, contra breve chuvisco, verá um rosto que o secará. aí, rasteiro gnomo tomar-lhe-á o corpo, privando-o da linfa. aí, nascerá um cacto azul mais belo do que um nenúfar. em cada verão, então, brotará do solo um líquido sanguíneo que irromperá dentro de ti...

3 comentários:

porfirio disse...

este texto traz-me à memória Apolo que enamorado por Jacinto, um jovem espartano com quem jogava ao disco. certo dia, Zéfiro também perdido de amores por Apolo, ciumento sopra muito forte fazendo com que o disco fosse embater na cabeça de Jacinto. do sangue que escorreu para a terra nasceu a flor que nós conhecemos por Jacinto.

1 abraço

martim de gouveia e sousa disse...

e, de facto, há nisto um tanto de panfleto ´de heliotrópios. adivinhado o des(enigma), que Sérgio e Porfírio tão bem condimentaram com a sua cultura vasta, direi que o menino poderoso é um tentame de captação da sombra ambígua de Lord Alfred Douglas. como o perceberam logo? nota-se?

isabel mendes ferreira disse...

nota-se mas a ideia subjacente é estrondosa. Bomdia Martim.venho só dizer: OBRIGADO. e deixar um beijo claro e não ambíguo.