2007-02-14

desmemória

agora vou dizer-te o que fiz:

ao fundo da avenida o túnel
longe já do vazio da casa
soterrados passos na água
eis-me entrando no corpo
pelo punho fora cortando
as veias o sangue a pele.

dormi na úlcera da dor
espalhando o feno rubro
no peristilo da aorta e
as melhores folhas foram
sedimentos em que me
lavei comburente e nu.

no cérebro a memória
já não flui e o branco
oculta a última fissura.

7 comentários:

  1. ... arrepiei-me. mesmo.
    bjs Martim

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  2. E o que dizer depois disto:

    "oculta a última fissura."

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  3. ...das melhores folhas....



    sedimento que alimenta a minha memória.




    beijo.


    Martim.

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  4. patografia

    escrita da dor

    dorida

    letal

    sofrida

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  5. Espectacular lição poética sobre om "fingimento". A. de A.

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  6. A Viagem é Inaudita... GOSTEI mesmo...

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  7. pois bem, martim

    e pela fissura espreito
    a sublime combustão
    das imagens!

    abraço

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